Juros futuros fecham em queda em reação ao Fed e à espera do Copom – Valor, 30 de outubro de 2019

No fim da sessão regular, a taxa do DI para janeiro de 2020 caiu de 4,76% para 4,739% e a do DI para janeiro de 2021 recuou de 4,37% para 4,35%
Por Victor Rezende, Valor — São Paulo

Os juros futuros encerraram a sessão regular desta quarta-feira (30) próximos dos ajustes do dia anterior, com os vértices mais curtos fechando em leve baixa, com os investidores à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC brasileiro. A redução nos juros americanos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) foi observada pelos agentes, que se mantiveram à espera de um corte de 0,50 ponto percentual na Selic.

No fim da sessão regular, às 16h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 caiu de 4,76%, no ajuste anterior, para 4,739%; a do DI para janeiro de 2021 recuou de 4,37% para 4,35%; a do contrato para janeiro de 2023 cedeu de 5,36% para 5,35%; e a do DI para janeiro de 2025 terminou estável, a 6,05%.

“Existe um consenso amplo com redução de 0,50 ponto na Selic na reunião desta quarta e esse consenso me parece bastante adequado, ao estar em linha com toda a comunicação do BC, que não deu nenhum sinal de que o mercado esteja equivocado ao precificar um corte dessa magnitude”, disse André Duarte, economista da Truxt Investimentos. Para ele, o foco do mercado estará na
comunicação do Copom e na possível indicação de movimentos adicionais de afrouxamento.

Assim como outras casas, a Truxt projeta que o juro básico encerrará este ano em 4,50% e espera cortes adicionais em 2020, com a Selic terminando o próximo ano em 4%, nível que seria mantido ao menos até o fim de 2021, quando teria início um processo de normalização. “A economia brasileira tem muito hiato. Temos como crescer durante um tempo razoável sem gerar pressões inflacionárias e acreditamos que a política fiscal não deve ajudar muito nesse sentido.”

As projeções de inflação do Copom também devem ser olhadas com lupa pelos investidores. Nesta semana, a pesquisa Focus mostrou que a mediana das estimativas do mercado para o IPCA no próximo ano caiu de 3,66% para 3,60%, 40 pontos-base abaixo da meta de 4%, estipulada pelo BC para 2020.

“Caso o Copom projete os mesmos 3,6% de IPCA, para 2020, do último Focus, sinalizando outro ano abaixo da meta, ainda mais com seu balanço equilibrado de riscos, estará transmitindo um fim do ciclo ainda em aberto. Será a deixa de um novo degrau para os juros, que devem alcançar 4% no primeiro trimestre de 2020”, afirmou Fernando Montero, economista-chefe da Tullet Prebon, em relatório a clientes.

Federal Reserve

Antes da oficialização da redução na Selic, os agentes observaram o corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros americanas pelo Fed, que, agora, estão na faixa entre 1,50% e 1,75%. Como esperado, o banco central americano retirou do comunicado a menção de que irá agir conforme apropriado para sustentar a expansão da economia. Agora, a autoridade monetária dos EUA sugeriu que não voltará a cortar os juros na próxima reunião.

No CME Group, os contratos futuros dos Fed funds indicavam, às 16h, ao menos 20,9% de chance de uma redução adicional de 25 pontos-base nas taxas em dezembro. Na avaliação do economista Marcos Ross, da XP Investimentos, o comunicado da decisão do Fed deu sinal de “pausa técnica” no ciclo de cortes nas taxas de juros. Ele, contudo, enfatiza que não existe uma relação de “um para um” entre o Fed e o Copom, ao avaliar que as economias dos EUA e do Brasil vivem momentos diferentes.

Quanto à decisão do Copom, ele pontua que os mercados devem observar mais atentamente as projeções de inflação do BC e a linguagem do comunicado para definir qual será a Selic terminal do atual ciclo de afrouxamento.